Já me disseram uma vez que sou diferente. E disseram isso de uma maneira não muito boa. Me lembro que da primeira vez que escutei fiquei triste pra caramba. Tinha medo. Porque, pra mim, os estranhos eram eles. Sempre limpos, sempre comportados, sempre pensando/dizendo/fazendo exatamente o que esperavam que fizessem. Achava aquilo tão bizarro... que beirava a ser engraçado, como um teatro de fantoches guiado por condutores cegos.
E, por mais que aquilo me parecesse uma péssima idéia, eu queria fazer parte dessa farsa toda, porque tinha medo de ficar sozinha.
Mas depois de muito tempo tentando me enquadrar (sem conseguir, óbvio), comecei a notar algumas coisas.
Não vale muito a pena ser como todo mundo. Eu sei que parece aquelas afirmações óbvias de adolescente, mas é a mais pura verdade. E quando eu me dei conta disso, eu comecei a perceber algumas coisas em mim.
Pessoas como eu nunca serão iguais. Eu nunca vou ser do tipo 'mãe amorosa de filhos lindos', nunca vou ser 'olha que moça prendada'. O que é surpreendente, porque tentaram me tornar uma bonequinha de porcelana por muito tempo.
Não sou louca de amores por crianças, não tenho muita paciência com burrice, não gosto de roupas femininas, de sapatos femininos, de comportamentos femininos. Costumava ter pesadelos me casando na igreja com toda aquela pompa que todas as mulheres sonham. Sempre que imaginei alguém para mim, me vinha na cabeça um namorado/amigo/companheiro que olharia de igual para igual pra mim e não me trataria com tapinhas condescendentes na minha cabeça dizendo 'essas mulheres...'. Porque ele veria que eu não era igual. E eu não teria que desacelerar meus pensamentos para que ele conseguisse me acompanhar. Até preferiria o contrário. Seria menos frustrante. Detesto festas com muitas pessoas, é sufocante.
Acho que decepciono muita gente sendo como sou, mas há uma enorme liberdade em decepcionar pessoas. Não se precisa mais corresponder às expectativas de ninguém, porque ninguém espera mais nada de você.
Hoje, eu mandaria todas essas pessoas que tentaram me convencer de que eu não valia à pena para o inferno, mas acho que elas já estão nele.
Um comentário:
E isso se chama despertar Mandy.
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